As emoções das solenidades militares

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Solenidade de homenagem aos ex-comandantes do Centro de Educação da pmpb

 

As emoções das solenidades militares são resultados do condicionamento dos valores da estética militar adqueridos durante o processo de formação desses profissionais. Esse sentimento é tão forte que, às vezes, muitos anos depois do militar passar para a inatividade ele continua presente, e se manifesta tão logo se presencie atos ou símbolos constantes do rol de valores que ele preserva.

        Durante meu tempo de serviço ativo, sempre vibrei muito com as solenidades militares, como participante, ou assistente. Quando comandei o Centro de Educação da PM/PB, no ano 2000, tive oportunidade de participar de muitos atos dessa natureza.   Mesmo na reserva, há mais de vinte anos, continuo com esse espírito.

            No dia 11 de outubro de 2024, o Comandante daquele Centro prestou homenagem aos seus ex-comandantes. O evento fez parte da solenidade de Declaração de Aspirantes, ato solene de maior destaques na Corporação.

       Aqui vamos sintetizar como foi essa solenidade, objetivando preservar valores básicos da Corporação, sobretudo como meio de fortalecimento da estética militar, essência de organizações dessa natureza. É o que faremos a seguir.

       Passei apressado pelo corredor do pavilhão central do Quartel do Centro de Educação da PM/PB, cumprimentando os companheiros que fui encontrando no caminho. No corredor da sala do Comando, fui recebido pelo Tenente Coronel Fortes, que me encaminhou ao Coronel Pablo, Comandante daquela OPM.  Ali encontrei alguns dos ilustres convidados, entre os quais estava o Coronel Américo Uchôa, um dos ex-comandantes daquele Centro, que seria homenageado naquele dia por ocasião da Solenidade de Declaração de Aspirantes. Estávamos na véspera do Dia das Crianças de 2024.

      Ex-comandantes do Centro de Educação da PMPBAos poucos, foram chegando outros integrantes do grupo que seria homenageado, todos coronéis da reserva ou reformados. Sales Junior e Hilton, vindos de Campina Grande, chegaram logo depois. Em seguida, chegaram Sobreira, Francisco, Carvalho e Castro. Rápido se estabeleceu um saudoso papo, onde se rememoravam momentos vividos por cada um no comando daquela Unidade.

    Sentimos falta dos companheiros Lindomar, Genilson, Maurício, Ardenildo e Euller, que também seriam homenageados. Uma presença marcante naquela ocasião foi a da Senhora Analice Barbosa, representando seu falecido e saudoso marido, o Coronel Elias Alves Barbosa, pessoa de nosso maior apreço, que também foi Comandante daquele Centro.

        Para iniciar a solenidade, todos os convidados foram conduzidos ao local do evento, posicionando-se no dispositivo reservado para esse fim. Era quase cinco da tarde.  A solenidade começou com a apresentação da tropa ao Governador. Na sequência, houve a entrada dos novos Aspirantes no pátio e o canto do hino nacional. Dali em diante, meu pensamento foi inundado por bons momentos do passado, e fui tomado pela emoção. Percebi que os demais integrantes do grupo também sentiam o mesmo, porém de forma mais contida.

       Sob o Comando dos toques de corneta, que pareciam preencher todos os espaços do imenso pátio, seguido do armonioso exórdio regulamentar, executado pela Banda de Música,   o Oficial Porta Bandeira deslocou-se  em marcha solene do seu local na tropa,  para se postar em local de destaque para os atos que se seguiram.  Esses atos elevaram a atenção e a expectativa do público, o que foi expresso pelo reinate  silêncio quie se fez. Foi emocionante.
       Seguiu-se o ato da passagem do estandarte histórico do primeiro lugar da turma de Aspirantes para o primeiro lugar da turma do segundo ano. Essa marcante simbologia representa a responsabilidade dos cadetes em dar continuidade à tradição na formação de oficiais voltados para a honrosa tarefa de defender a sociedade.

      A turma concluinte, em coordenados deslocamentos de ordem unida, entregou os espadins, símbolo do cadete, à turma do segundo ano. Tudo foi devidamente sincronizado.

       Já havia participado de solenidades como essa muitas vezes, mas sempre ficava deslumbrado. Naquela oportunidade, não foi diferente.  As emoções das solenidades militares voltavam a me afetar.

        Dei uma olhada sutil em volta e percebi que alguns companheiros, inclusive do serviço ativo, tentavam disfarçar o nível de emoção que sentiam.

      Após o solene juramento dos novos aspirantes, e da entrega das espadas e colocação das insígnias, feitas de forma emocionada pelos familiares, foi realizado o desfile da turma, em continência à bandeira.

       A solenidade já passava de uma hora. Tinha cadeira à nossa disposição, mas a nobreza dos atos exigia que permanecêssemos de pé. A artrose do meu joelho esquerdo começava a protestar, mas o condicionamento da formação militar resistia.

       Chegou a hora da nossa homenagem. Colocamo-nos no local reservado no dispositivo, conforme anunciado pelo cerimonial. Dona Analice Barbosa, foi a primeira a receber o diploma que formalizava aquele ato. Muitas fotos. Muita emoção.

       A solenidade prosseguiu, e a artrose continuou a protestar. No entanto, meu condicionamento se manteve firme. Já tinha anoitecido quando houve o desfile da tropa em continência ao Governador. Após esse ato, apenas a turma de Aspirantes permaneceu em formação para a apoteótica saída, momento de alegria em que aconteceu um espetáculo pirotécnico. A marquise da entrada do quartel se tornou uma cascata de luz, em meio à grande euforia da turma. O fato de já ser noite deu um brilho especial ao espetáculo. Terminada a parte formal do ato, começou a festa dos familiares dos Aspirantes.

       Despedi-me dos amigos. A artrose não dava trégua. Com dificuldades, fui ao palanque, onde cumprimentei as autoridades ainda presentes.

      Meu carro havia ficado do lado de fora do quartel. Para sair, tive que passar em meio à entusiasmada manifestação dos Aspirantes e seus familiares. Acabei me empolgando e saí cumprimentando todo mundo. Alguns pediram fotos comigo. Senti-me honrado com o carinho recebido.

      Cheguei ao carro, e foi a vez da artrose se manifestar novamente, agora com mais insistência. Ignorei a dor, pois meu condicionamento militar prevaleceu e vivenciei mais um inesquecível momento, pois fui agraciado pelas emoções das solenidades militares

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https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1910-1919/decreto-13753-10-setembro-1919-525050-regulamento-pe.pdf

 

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